segunda-feira, 2 de março de 2015

Teologia e Ciência: O mundo, a sua origem e estrutura à luz da ciência e da fé

Prof. Ms. Leandro César


A astronomia é a mais antiga das ciências. Os registros astronômicos mais antigos datam de aproximadamente 3000 a.C e foram feitos pelos chineses, babilônios, assírios e egípcios. O ápice dos estudos astronômicos da antiguidade foram desenvolvidos na Grécia a partir do século VI a.C[1].
O Império Romano não trouxe nenhuma contribuição à astronomia. Eles apenas mantiveram o que foi produzido pelos gregos. A Igreja Católica com a queda do Império Romano em 476 d.C. salvou grande parte da literatura helena e através dos monges copistas propiciou seu conhecimento e aprofundamento no Ocidente.
As maiores descobertas dos astrônomos da Idade Média se devem a estudos de sacerdotes e religiosos. A Igreja Católica inventou as Universidades Europeias e a partir delas foi possível o desenvolvimento não somente da Astronomia como da Astrofísica seja por parte dos eclesiásticos seja por cristãos leigos como Isaac Newton e Galileu.
Atualmente existem diversas teorias sobre o que havia no universo antes do Big Bang, destacam-se: a teoria do multiverso, a das cordas, a dos universos paralelos e a da autocriação do universo. Embora existam diversas hipóteses sobre o que havia antes do Big Bang, prevalece como verdadeiro as realidades demonstradas pela ciência pura.
Os estudos deste artigo são baseados em Antônio Romaná, Doutor em ciências. Diretor do Observatório do Ebro, Tortosa, Espanha. O artigo propõe uma pequena síntese dos conhecimentos do universo e sua relação com a existência de Deus.

Os nossos conhecimentos sobre a organização do mundo
A Terra

A forma esférica da Terra foi conhecida cerca de 4000 anos antes de Cristo pelos sacerdotes do Egito e foi deles que Tales de Mileto aprendeu no século VI aC. Eratostênio da Escola de Alexandria no século III aC foi quem primeiro determinou o comprimento do grande círculo da esfera terrestre[2]. As primeiras determinações exactas foram feitas na França na segunda metade do século XVII, pelo Padre Picard.

A Lua

Aristarco de Samos, no século III aC, tentou, por meio da trigonometria, medir as distâncias da Lua e do Sol em relação à Terra, tendo, já então, encontrado números muito próximos dos atuais. A primeira determinação exata destas distâncias deve-se às observações conjuntas, realizadas entre 1715 e 1754, por Lalande, em Berlim, e pelo Padre Lacaille, no Cabo da Boa Esperança[3].

O primeiro mapa da Lua foi traçado pelo Jesuíta belga M. F. van Langren, o qual estudou a topografia lunar quase ao mesmo tempo em que Galileu.

O Sol

·         Sistema heliocêntrico: o sistema heliocêntrico fora deduzido pela primeira vez pelos astrônomos chineses por volta do ano 1000 aC. Foi ensinado pelos Pitagóricos, como Filolau, no século V aC e por Aristarco de Samos, no século III aC. Na Idade Média foi pensado por Afonso X de Castela, por Santo Tomás de Aquino e Duns Escoto. Foi professado no século XV pelo astrônomo Nicolau de Cusa, um famoso cardeal e confidente de três papas [4].
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Nicolau Copérnico foi um astrônomo e matemático polaco que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi também cônego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista, astrólogo e médico.

·       A granulação fotosférica do Sol foi primeiramente estudada por Hansky e pelo missionário Padre Chevalier.

·         Atividade interna do Sol (Protuberâncias): As protuberâncias foram pela primeira vez fotografada em Espanha no dia 18 de Julho de 1860, por meio de um processo inventado pelo cientista Padre Sechi, Diretor por vinte anos do Observatório do Colégio Romano.  Os principais cientistas consagrados no estudo desse fenômeno foram Padre Fenyii, Diretor do Observatório de Kalosca, na Hungria e os missionários astrônomos jesuítas, do Observatório de Zi-Ka-Wei, na China.
·         O fundador da Astrofísica moderna que se imortalizou no estudo do Sol foi o cientista Padre Ângelo Secchi.
·         Influência do sol nos fenômenos geofísicos e eletromagnéticos na terra: para acompanhar esses fenômenos foi constituída uma rede de observatórios internacional. Pelo menos quatro desses: Cartuja, Ebro, Stonyhurst e Zi-Ka-Wei foram fundados e são dirigidos por religiosos.

Planetas

No século XVI o cientista e padre Nicolau Copérnico substituiu a hipótese de Ptolomeu e provou a rotação diurna da abóbada celeste em torno do seu eixo em 24 horas. Esta ideia foi proposta pelo Pitagórico Hicetas, de Siracusa, anterior a Filolau no século VI antes de Cristo[5].
Muitos cientistas resistiram a Copérnico. Contudo, os católicos da Espanha a universidade de Salamanca e o Papa Paulo III o apoiaram nesse período.
Os planetas do sistema solar: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno eram conhecidos na antiguidade.
Galileu em 1610 descobriu quatro satélites de Júpiter e as fases de Vênus utilizando um óculo inventado por ele.
As fases de Mercúrio foram observadas pela primeira vez pelo cientista Padre João Zuppi.
O achatamento de Saturno foi analisado pela primeira vez pelo cientista Padre Grinaldi.
A verificação da superfície do anel de Saturno como não sendo plana e que seu centro não coincide com planeta foi feita pelo cientista Padre Sechi.
Os pequenos planetas: descoberta de Ceres: Entre Marte e Júpiter existem uma série de pequenos astros (cerca de seissentos), o maior deles é chamado de Céres. Quem os descobriu foi o cientista Padre José Piazzi no século XIX[6].

Os cometas

Há ainda duas espécies de astros pertencentes à família do Sol: os cometas e as estrelas cadentes.
A distinção e os nomes das três partes dos cometas devem-se ao cientista Padre Cysato, o primeiro a descobrir em 1618 um cometa telescópico[7].
· Os terrores causados pelos cometas: Muitos chegaram a afirmar que o terror provocado na antiguidade pelos cometas deve-se a lendas criadas pela por papas e padres. A acusação não carece de fundamento do ponto de vista científico, pois os primeiros a reconhecer os cometas como corpos ordinários foi o Diácono Doerfel e os Padres Cysato e Grassi. O primeiro que demonstrou a submissão dos cometas às leis da gravitação foi Newton, cuja religiosidade é bem conhecida[8].

Estrelas

O propulsor do estudo da natureza química e física do Sol e das Estrelas foi o cientista Padre Secchi. Ele desenvolveu a análise por meio de espectro. A espectroscopia é a chave da astronomia moderna. O Observatório do Vaticano criado por Pio XI é dos principais observatórios consagrados aos estudos teóricos de Espectroscopia[9].

Nebulosas galáticas

As nebulosas, massas de matéria difusa, luminosas ou sombrias, são encontradas nos espaços interestelares. Entre as nebulosas brilhantes destaca-se a de Órion descoberta pelo cientista Padre Cysato. Quanto às nebulosas obscuras e à matéria cósmica interestelar, um dos primeiros pesquisadores desse fenômeno foi o Padre Hagen, Diretor do Observatório do Vaticano que as descobriu e catalogou[10].
As nebulosas espalhadas por toda parte no espaço se afastam uma das outras com velocidades estrondosas, cerca de sessenta mil quilômetros por segundo, um quinto da velocidade da luz[11].
A teoria da expansão contínua do universo surgiu a partir das ideias cosmológicas de Einstein, Friedmann e De Sitter. Contudo, quem a construiu foi o cientista Padre Lemaitre, professor da Universidade de Lovaina[12].

Harmonia grandiosa do sistema planetário

Romana afirma sobre a harmonia presente no sistema planetário e no universo:

Quando se contemplam em conjunto o Sol e o grande número de corpos celestes, que gravitam em volta dele, desde os mais pequenos astrólitos, cujo diâmetro não chega à grandeza de uma cabeça de prego, até aos planetas, como Júpiter, de mais de setenta mil quilômetros de raio, e aos cometas como o de 1811, cuja cabeça tinha um volume superior ao do Sol,  quando se contempla tudo isto em conjunto, dizíamos, é difícil resistir ao assombro resultante da harmonia que, em tanta grandeza, se revela... Milhares de astros volteiam em torno do Sol, desde milhões de séculos, descrevem matematicamente as suas órbitas, segundo as leis de Kepler, e sempre em nítida obediência à lei da gravitação, formulada por Newton. E, apesar das perturbações constantemente causadas pela influência de uns sobre os outros, a harmonia continua, e sabe-se que há de continuar, em virtude das mesmas leis que as dirigem e Laplace e Leverrier em boa hora descobriram. A máquina oferece todas as condições de confiança, porque as perturbações, a que está sujeita, nenhum mal lhe podem fazer, a não ser, de quando em quando, alguma oscilação sem consequências, em volta de uma posição média.
Em presença desta magnífica obra-prima, Voltaire, num momento de sinceridade, disse a palavra exata, a palavra que espontaneamente salta ao espírito: ‘É impossível conceber a existência do relógio sem a existência do relojoeiro’. E, no entanto, esta assombrosa combinação de forças e de órbitas, esta ação do Sol, sensível a mais de três bilhões e meio de quilômetros de distância, tudo isto é bem mais complicado do que a rodagem e a mola de um relógio. Será possível dizer seriamente que esta maravilhosa harmonia é obra do acaso, do acaso que é, por definição, uma expressão de desordem?[13]

O papel da Igreja nos progressos da ciência do mundo

A percentagem de sacerdotes e religiosos na história da ciência no Ocidente é relevante. No dicionário das Ciências exatas de Poggendorf, dos oitocentos e quarenta e sete nomes citados até 1863, dez por cento são nomes de padres e religiosos[14]. O clero protestante, também, possui numerosos expoentes na astronomia como Moestin, inspirador de Galileu, David Fabricius, o primeiro que descobriu uma estrela variáve; Gregory, inventor de um célebre telescópio no século XVIII e a linhagem dos célebres Diretores dos Observatórios de Greenwich e Cambridge[15]. Numerosos são os cristãos leigos católicos, protestantes e ortodoxos que fazem parte dos célebres nomes da Astronomia e da Astrofísica desde o século XVII. Exemplos: Cassini, Cornu, Delisle, Duhem, Encke, Faye, Fizeau, Foucalt, Frannhofer, Fresnel, Humboldt, Jannsen, Lamont, Ligondès, Littrow, Madler, Olbers, Schiaparelli, Wolf e muitos outros[16]. Dentre esses estão os gênios Copérnico, Kepler e Newton os quais são conhecidos em sua religiosidade[17].
A presença dos cristãos na Astronomia e na Astrofísica demonstra que não há separação entre fé e ciência.

A astronomia e a fé em um Deus criador

Muitos descrentes afirmam que a ciência moderna verificou fatos e encontrou teorias que excluem completamente a intervenção de um Criador. Romana afirma a esse respeito que do ponto de vista estritamente científico, a Astrofísica não conhece um único fato que exclui o Criador, ao contrário encontra inúmeros fatos que apontam o começo do universo originado por uma causa estranha a ele[18].
Muitos acusam os cristãos afirmando que eles acreditam que o mundo surgiu apenas há 7000 anos e que não acreditam na evolução.
Segundo Romana:
 O que os cristão sustentam, quando afirmam a criação, é que a matéria não existe por si mesma; que, por conseguinte, foi produzida pelo Criador; e que a evolução, que nela se cumpre, é o efeito, não de forças cegas, mas da ação criadora de Deus. Por mais séculos que acumulem, por mais que o pensamento se afunde no abismo de durações inimagináveis, sempre será necessário chegar àquele momento em que a evolução atual começou. Ora, nesse momento que o espírito postula um Deus Criador, um Deus que deu a existência ao ser que depois há de evoluir. A evolução pode quando muito fazer recuar o momento da criação, mas o que não pode é suprimir o instante em que ela é necessária[19].
Segundo os materialistas “cada forma particular da existência da matéria, sol ou nebulosa, animal ou espécie animal, é passageira’, tendo por isso, um princípio e um fim. Mas a matéria, essa move-se num turbilhão perpétuo (...), é eterna, sempre mudável, sempre em movimento, e as leis deste movimento e destas mudanças são também eternas”[20]. Portanto, a energia é eterna e imutável em sua essência não sendo necessário um criador.
Analisar o ponto de vista de Engels, a partir da ciência pura, verifica-se que o princípio da conservação da energia foi falsamente compreendido. Engels afirma que o mundo pode evoluir sempre e por isso, a capacidade de trabalho continua a mesma. A afirmação não procede com o princípio de conservação da energia.
O significado da conservação e degradação da energia consiste:

A soma total de energia de toda a ordem, que o mundo encerra: energia mecânica, química, elétrica, calorífica etc. Mas, se a soma total permanece a mesma, a verdade averiguada é que cada uma das formas parciais varia constantemente. Ora, entre as formas de energia degradada, pelo fato de já não ser capaz de se transformar integralmente em outra energia. A energia mecânica pode transformar-se completamente em energia calorífica, mas não inversamente. Ora, como em todas as transformações de energia há uma certa liberação de calor, segue-se que a quantidade de energia calorífica deve crescer continuamente no Universo. E como, por outro lado, a maior parte desta energia é incapaz de produzir trabalho útil, é claro que se deve verificar uma incessante diminuição de energia utilizável. Por conseguinte, a teoria de Engels carece de fundamento[21].

A ciência, segundo Romana, coloca-se a favor da criação ao afirmar que numerosos fenômenos não podem ser explicados sem um começo, devido a uma causa estranha e superior ao mundo[22]:

·         Os princípios da energia provam que o mundo não pode ser eterno devido à entropia do Universo[23].

·         A teoria da expansão do Universo exige um começo inicial. Segundo os cálculos de Eddington, as distâncias entre as nebulosas se duplicam em cada período de 1.300 milhões de anos, e a densidade da matéria se reduz a um décimo em cada período de 1500 milhões de anos, a consequência imediata seria esta: se a expansão se está a produzir  desde toda a eternidade, ou o mundo já estaria esfarinhado, o que é contra a experiência, ou deveríamos encontrar quantidades de matéria cada vez maiores, concentradas em volumes cada vez menores, o que é absurdo[24].
·         Impossibilidade de uma pulsação eterna do universo
·         É impossível à matéria sair, por si mesma, de um estado de equilíbrio.
·         Convergência da idade da Terra, planetas, estrelas, via láctea, nebulosas e dos átomos.

Conclusão

Os dados analisados acima demonstram que a Astronomia nada tem a opor à criação. Ao contrario, todos os fatos por ela verificados tendem a apresentá-la como verdadeira. A afirmação de que fé e ciência não caminham juntas no estudo científico do universo é falsa, uma vez que muitos de seus principais expoentes são crentes ou até mesmo religiosos.

Fontes bibliográficas

FILHO, Kepler S. O – SARAIVA, Maria F. O, Astronomia Antiga. Disponível em: http://astro.if.ufrgs.br/. Acesso: 27 fev. 2015.
ROMANA, Antônio. O mundo,a sua origem e estrutura, à luz da ciência e da fé. In: SAUDEE, Jacques B. Deus, o homem e o universo. Colaboração conjunta de dezoito cientistas. Porto: Livraria Tavares Martins, 1959


[1] FILHO, Kepler S. O – SARAIVA, Maria F. O, Astronomia Antiga. Disponível em: http://astro.if.ufrgs.br/. Acesso: 27 fev. 2015.
[2] Cf. ROMANA, Antônio. O mundo,a sua origem e estrutura, à luz da ciência e da fé. In: SAUDEE, Jacques B. Deus, o homem e o universo. Colaboração conjunta de dezoito cientistas. Porto: Livraria Tavares Martins, 1959, 65.
[3] Cf. Idem, 67.
[4] Cf. Idem, 68.
[5] Cf. Idem, 74.
[6] Cf, Idem, 78.
[7] Cf. Idem, 80.
[8] Cf. Idem, 80-81.
[9] Cf. Idem, 86.
[10] Cf. Idem, 91.
[11] Cf. Idem, 93-94.
[12] Cf. Idem, 94.
[13] Idem, 82.
[14] Cf. Idem, 97.
[15] Cf. Idem, 98-99.
[16] Cf. Idem, 99.
[17] Ibidem.
[18] Cf. Idem, 116.
[19] Idem, 118-119.
[20] Idem, 119.
[21] Idem, 121.
[22] Cf. ibidem.
[23] Cf. Idem, 122.
[24] Cf. Idem, 125.

2 comentários:

  1. O que você acha do Evolucionismo de Darwin? Eu tenho uma dúvida que é: se o homem "evoluiu" de um macaco e o macaco tem uma alma mortal, como pode essa alma mortal ter virado uma alma imortal no ser humano. Acho que se a pessoa acredita na evolução das espécies não tem como ela não acreditar na evolução da alma, como os espíritas acreditam. Acho que o Darwinismo é a doutrina científica da reencarnação que contaminou o pensamento dos cientistas e está matando a fé cristã. Eu acredito que Deus criou o homem e a mulher tal qual está na Bíblia e soprou sobre eles dando-lhes alma. Tem gente que me diz: Mas você acredita mesmo que o homem veio do barro? Eu respondo: Eu não sei, mas eu acredito na Palavra de Deus. Se Deus pode andar sobre as águas, calar a tempestade, multiplicar pães, converter água em vinho e pão e vinho em Seu Corpo e Sangue, Alma e Divindade, porque ele não pode converter pó em carne? Porque para Deus nada é impossível.

    https://darwinismo.wordpress.com/ - A Bíblia e a Ciência contra o Darwinismo

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  2. Veja uma Dra da área e católica falando: https://www.youtube.com/watch?v=KBMN1xDqHLo - Ela diz que é incompatível ser católico e evolucionista.

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