sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Budismo: a iluminação e os ensinamentos de Buda

Buda e a experiência de iluminação

O fundador do budismo foi Sidarta Gautama (560-480 a.C.), que viveu no Nordeste da Índia. Sidarta foi um príncipe que cresceu em meio à fortuna e ao luxo. O pai de Sidarta ouviu ao nascer o menino que ou ele seria um poderoso governante ou abandonaria o mundo por completo. Por isso, quis preservar o filho do conhecimento do mundo.

Aos 29 anos Sidarta, apesar da proibição do pai, se arriscou a sair do palácio e viu, pela primeira vez, um velho, um homem doente e um cadáver em decomposição. Depois avistou um asceta com a expressão radiante de alegria. Ele entendeu, a partir dessas experiências, que uma vida de riqueza e prazer é uma existência vazia e sem sentido. Desejoso de descobrir uma maneira de livrar a humanidade do sofrimento abandonou o castelo, esposa e filho para viver como andarilho.

As narrativas relatam que Sidarta de uma vida de abundância passou para uma vida repleta de exercícios ascéticos para dominar o sofrimento; mas nem os exercícios de ascetismo nem a ioga lhe deram o que procurava. Ele passou então a buscar a salvação por meio da meditação.

Os budistas afirmam que ele aos 35 anos, após seis anos de vida ascética, alcançou a iluminação (bodhi), e assim se tornou um iluminado, um Buda.
Gaarder em seu livro O livro das Religiões comentou ­a experiência de iluminação vivida por Buda:
Durante sete dias e sete noites o Buda ficou sentado debaixo de sua árvore da iluminação. Ganhou dessa forma a compreensão de uma realidade que não é transitória, uma realidade absoluta acima do tempo e do espaço. No budismo isso se chama nirvana. Ao dominar seu desejo de viver, que antes o atava à existência, o Buda parou de produzir carma e, portanto, não estava mais sujeito à lei do renascimento. Conseguira alcançar a salvação para si mesmo, e o caminho estava aberto pata abandonar o mundo e entrar no nirvana final. O deus Brahma, porém, instou com ele para que difundisse seus ensinamentos. E então, mais uma vez, o Buda sentiu compaixão pelos outros seres humanos e por todos os seres vivos. Ele "contemplou o mundo com um olhar de Buda" e decidiu "abrir o portão da eternidade" para aqueles que o quisessem ouvir. O Buda decidira se tornar um guia dos seres humano[1].

Buda após esta experiência foi para uma cidade chamada Benares e fez o seu primeiro sermão. Depois desse dia diversos monges mendigos seguiam Buda, e durante mais de quarenta anos ele e seus discípulos vagaram pela região nordeste da Índia. Desde o início os seguidores de Buda se dividiram em dois grupos, os leigos e os monges, cada um com seus próprios deveres.

Os ensinamentos de Buda

A LEI DO CARMA

Para Buda o ser humano é escravizado por uma série de renascimentos. Os renascimentos acontecem graças ao carma. O carma determina o tipo de vida em que o indivíduo vai renascer. Enquanto o ser humano tiver um carma, ele está fadado a renascer. A salvação para os hindus e budistas é ser libertado do círculo vicioso dos renascimentos.

O budismo vê a vida humana como uma série de processos mentais e físicos que alteram o homem de momento a momento. Não há um núcleo imutável da personalidade, não existe um "eu", um ego. A subjetividade de cada pessoa é sempre transitória.

AS QUATRO NOBRES VERDADES SOBRE O SOFRIMENTO

A primeira nobre verdade determina que tudo no mundo é sofrimento. A existência como um todo é manchada pelo sofrimento, pois tudo é passageiro.

Na segunda nobre verdade, Buda afirma que o sofrimento é causado pelo desejo do ser humano. Como o desejo nunca pode ser plenamente saciado, ele sempre irá acarretar um sentimento de desprazer. O apego à vida ou o seu desprezo amarra o ser humano à existência.

A terceira nobre verdade é que o sofrimento pode ser levado ao fim. Isso acontece quando o desejo cessa.

A quarta nobre verdade afirma que o homem pode ser libertado do sofrimento — e do renascimento — seguindo o caminho das oito vias.

O CAMINHO DAS OITO VIAS

O caminho para dar fim ao sofrimento é o "caminho do meio", e Buda o descreveu em oito partes: (1) perfeita compreensão; (2) perfeita aspiração; (3) perfeita fala; (4) perfeita conduta; (5) perfeito meio de subsistência; (6) perfeito esforço; ( 7) perfeita atenção, e (8) perfeita contemplação.

1ª e 2ª: compreender as verdades acerca do sofrimento e o ensinamento de que o homem não tem alma, por isso deve-se evitar o ódio e a luxúria.

3ª: perfeita fala significa não contar mentiras, não fazer intrigas e não ter conversas vazias, mas se deve falar com os outros de um modo verdadeiro, amigável e carinhoso. O ficar em silêncio também está incluído na fala perfeita.

4ª: perfeita conduta significa seguir os cinco mandamentos que se aplicam a todos os budistas: não matar nenhum ser vivo, não roubar, não ser sexualmente promíscuo, não mentir e não tomar estimulantes. Dar presentes, realizar serviços para os outros, ensinar e transmitir a doutrina, também, faz parte da perfeita conduta.

5ª: perfeito meio de subsistência significa escolher um trabalho que não contrarie os cinco mandamentos.

6ª, 7ª, 8ª: Perfeito esforço significa não deixar que pensamentos ou estados de espírito destrutivos intervenham. Perfeita atenção é uma maneira de prevenir pensamentos destrutivos. A autocontemplação é o meio para se alcançar o pleno controle sobre o corpo e a mente. Ao conseguir isso, a pessoa estará pronta para iniciar a meditação propriamente dita.

Gaarder comenta sobre a meditação budista dizendo:

O budismo tem uma doutrina abrangente sobre os vários níveis e estágios da meditação. Durante a meditação, todos os músculos se relaxam, possivelmente também pelo fato de o praticante sentar numa posição especial de ioga. Toda a concentração deve focalizar uma só coisa. Esta pode ser um objeto, uma palavra ou a própria respiração. A psicologia budista hoje ensina que a mente humana se compõe de duas partes: uma superficial, que é excitada pelos sentidos, e as profundezas da mente, que são tranqüilas e imóveis. O objetivo da meditação é acalmar a superfície perturbada. Quando isso acontece, o budista perde todo sentido do tempo e do espaço, e todas as ilusões sobre "eu" e "meu" desaparecem[2].

NIRVANA

Para os budistas existe algo eterno, algo fora do sofrimento. O budista chama a isso de nirvana. Essa palavra significa, na verdade, "apagar". O desejo "se extingue" quando se atinge o nirvana. As descrições do nirvana em textos budistas costumam ser expressas em termos negativos. Uma vez que o nirvana não pode ser comparado a nada em nossa vida diária, só é possível dizer o que o nirvana não é. Poucos textos budistas, porém, descrevem o nirvana em termos positivos.
Uma condição para alcançar o nirvana é que o budista encontre a iluminação (bodhi), assim como Buda. O nirvana é um estado em que todo o carma já foi esgotado e a lei do renascimento foi rompida. O nirvana final, que a pessoa atinge quando morre, é irreversível, é chamado pelos budistas de paranirvana. Segundo eles, trata-se de uma  "extinção absoluta", ou "extinção última", por meio da qual a pessoa se “funde em Brahma”.

Até a próxima,

Prof. Leandro César

[1] GAARDER, Josten. O livro das Religiões.



[2] GAARDER, Josten. O livro das Religiões.

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