A mente humana busca
incansavelmente conhecimento. A ciência quando não encontra certeza sobre algo
utiliza termos como “teoria” ou “hipótese”. Ambos apenas demonstram tentativas
de explicar uma realidade, são especulações. A reflexão quanto à origem do
universo pode receber conotações diferentes no âmbito científico ou religioso.
Contudo, é impressionante como possuem aspectos em comum. Convido você a
refletir sobre os paralelos existentes entre as diferentes teorias propostas
pela física sobre a origem do universo e as reflexões feitas em várias
religiões.
A
ordem cósmica e religiões chinesas
A maior parte dos físicos
atuais reconhece a ordem presente no universo. O universo é regido por leis, é
formado por leis que funcionam como um código cósmico. As leis estão integradas
entre si de tal maneira que se houvesse uma mudança de 1/1000000000000000000 o
universo deixaria de existir. A distribuição da matéria no universo se encontra
em plena harmonia. O mundo é regido por constantes físicas perfeitas.
Como surgiu essa harmonia?
Verifica-se uma ordem presente no interior das partículas dos átomos, forças
como prótons, nêutrons e elétrons em constante harmonia entre si. A harmonia
presente no interior de um átomo é muito forte. A fissão nuclear é capaz de
produzir grandes explosões e catástrofes naturais. Por isso, a bomba atômica é
um mal terrível para a humanidade.
A humanidade verifica
harmonia e ordem não somente nos elementos químicos, mas, também, nos seres
vivos. Observe a ordem presente no corpo humano. É impressionante o modo como às
milhares de células formam cada órgão, o funcionamento de cada órgão, a
harmonia presente em cada detalhe, sobretudo a ordem presente na mente humana.
Não é preciso comentar sobre o funcionamento ordenado da mente, basta observar
todos os avanços do conhecimento e da tecnologia.
O confucionismo e o taoismo são
religiões milenares seguidas por milhares de pessoas nos países asiáticos.
Essas religiões nasceram na China. Os fundadores observando o universo
perceberam a ordem do universo e chegaram à constatação de que não é possível a
matéria surgir e se ordenar por si mesma, é necessária a existência de algo que
esteja fora do tempo e do espaço que não seja contingente, pois as energias que
compõem a matéria são limitadas ao tempo, ao espaço, possuem início e fim e
podem se transformar. A origem das forças negativas (Yin) e positivas (Yang),
porém, possuem origem em uma realidade absoluta. O Absoluto nessas religiões é
chamado de Tao. A origem do termo Tao (caminho) foi relacionada a uma realidade
onipotente, onipresente e dotada de personalidade.
A
auto-criação do universo e o hinduísmo
O físico Stephen Hawking em
seu livro The Grand Design, afirma que o universo se explica sem Deus, pois o
universo criou a si mesmo a partir de um vácuo quântico. Ele considera o vácuo
quântico como o nada. O hinduísmo chama de Brahma, a principal divindade hindu,
a energia que gera infinitamente todas as coisas e seres. Qual a relação entre
uma teoria atea e uma visão panteísta?
Stephen Hawking sugere que
um criador universal não poderia ter existido, pois para ele universos inteiros
podem ser formados espontaneamente. Para ele qualquer coisa pode surgir de um
vácuo quântico. Contudo, os físicos afirmam que não sabemos nem onde, nem como
as leis da física se formaram. Alguns
cientistas afirmam que a ideia da criação espontânea pressupõe a existência de
uma natureza antes do big bang. O nada segundo Hawking é um vácuo quântico,
regido pelas leis da física.
Vácuo quântico, embora
considerado como sendo o nada para Stephen, não o é em sentido estrito, pois é
formado por energia. Trata-se do mais baixo nível de energia presente no
universo. O pensamento de Hawking possui uma limitação lógica: Como algo não
existente pode se formar por si mesmo?
A teoria do vácuo quântico
se assemelha à ação da principal divindade hinduísta, Brahma, a fonte suprema
da energia, inteligente, onipotente, que gera infinitamente todas as coisas.
Neste sentido, tudo é deus para o hinduísmo.
No hinduísmo a intuição
fundamental é que a realidade é uma só. O mundo, os homens, os deuses, tudo o
que existiu, existe e existirá. Tudo é uma única realidade. Segundo o
hinduísmo, tudo é Brahma, inclusive o homem. Brahma é o único Absoluto, a raiz
e o fundamento de tudo, o Senhor que rege e sustém todas as coisas, o guia
interior e o fim de cada ser vivo. Neste sentido, o mundo não é criado e não
tem consistência em si mesmo. Mesmo que seja concebido como Maya (ilusão) pelo
sábio Sankara (788-820 d.C.), ou seja descrito como o jogo de Deus, lila, pelos
Visnuitas, o mundo é a eterna manifestação do eterno existente, a face
fenomênica da eterna Pessoa, a morada mutável do permanente inabitável. Quando
se fala de início ou de fim, de criação ou de destruição, as palavras se
referem aos processos cíclicos de aparição ou desaparecimento das coisas, de
saída ou retorno das mesmas em sua eterna origem[i].
Brahma se confunde com o
universo, ao mesmo tempo o gera. O deus Brahma antecede neste sentido a
existência da matéria e de cada energia, pois ele é a fonte suprema da energia que
gera todas as coisas em si. Brahma é o Absoluto, fora dele só há o nada.
A
teoria do Big Bang e o Judaísmo
A teoria do Big Bang é a
principal hipótese quanto à origem do universo adotada pelos cientistas. Os
cientistas afirmam que as nebulosas no universo se encontram em contínuo
distanciamento entre si a uma velocidade de 1600 Km/s, segundo a lei de
Hubble-Homason. Este distanciamento entre as nebulosas indica que no passado
elas estiveram unidas em um único ponto.
Os cientistas afirmam que em
um momento o aglomerado de matéria explodiu dando origem ao universo. A prova
desta explosão foi descoberta por Fred Hoyle em 1964. Ele descobriu a radiação
cósmica de fundo em micro-ondas. A explosão gerou uma forte expansão de ondas
de radiação, as quais podem ser percebidas até hoje. Como as ondas provêm de um
único ponto, isto significa que ali houve uma tremenda explosão por volta de
13,3 a 13,9 bilhões de anos atrás.
A tradição judaica professa
no livro do Gênesis a sua fé na origem do universo: “No princípio Deus criou o
céu e a terra” (Gn 1,1). A fé na criação implica crer que do nada Deus criou
todas as realidades visíveis e invisíveis.
Conclusão: A origem do
universo segundo os cientistas de nosso tempo não está distante das afirmativas
milenares presentes nas maiores religiões do mundo. Ciência e religião
demonstram que a mente humana busca, como que por instinto uma causa comum a
todas as coisas.
Prof. Leandro César
Como surgiu a matéria , quem ou o que provocou a explosão ?
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