terça-feira, 12 de julho de 2016

Questões ENEM 2012 - Filosofia




1. (ENEM -2012) Na regulação de matérias culturalmente delicadas, como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos da educação pública, o status das Igrejas e das Comunidades religiosas, as normas do direito penal (por exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos menos chamativos, como, por exemplo, a posição da família e dos consórcios semelhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a delimitação das esferas pública e privada – em tudo isso reflete-se amiúde apenas o auto entendimento ético-político de uma cultura majoritária, dominante por motivos históricos. Por causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que garanta formalmente a igualdade de direitos para todos, pode eclodir um conflito cultural movido pelas minorias desprezadas contra a cultura da maioria.



HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002.

A reivindicação dos direitos culturais das minorias, como exposto por Habermas, encontra amparo nas democracias contemporâneas, na medida em que



A) a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da sua concentração espacial, num tipo de independência nacional.


B) a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos de diferentes comunidades étnicas, confissões religiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura política nacional.


C) a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de auto entendimento se submeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento.


D) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se libertar das tradições de suas origens em nome da harmonia da política nacional.


E) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como linguagem política ou distintas convenções de comportamento, para compor a arena política a ser compartilhada.



2. (ENEM - 2012)



Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra



A) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à vestimenta real.

B) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real representa o público e sem a vestimenta real, o privado.


C) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um rei despretensioso e distante do poder político.


D) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação aos de outros membros da corte.


E) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político adornado esconde os defeitos do corpo pessoal.


3. (ENEM - 2012) Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante

toda a vida.


KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).


Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa:


A) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.

B) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.

C) a imposição de verdades matemáticas, como caráter objetivo, de forma heterônoma.

D) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento.

E) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.


4. (ENEM - 2012) É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que

as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros

também teriam tal poder.


MONTESQUIEU. Do Espirito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado).


A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito


A) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo.

B) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis.

C) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis.

D) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das consequências.

E) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais.


5. (ENEM - 2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e

não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente.


ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).


O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação? 


A) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.

B) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.

C) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.

D) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.

E) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.


6) (ENEM - 2012)


TEXTO I

Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas

provêm de sua descedência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado.

As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água,

quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em

pedras.


BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).

TEXTO II



Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos

tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos

filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos

átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.”


GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Crista. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).


Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma

explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na

sua fundamentação teorias que

a) eram baseadas nas ciências da natureza.

b) refutavam as teorias de filósofos da religião.

c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.

d) postulavam um princípio originário para o mundo.

e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.


7. (ENEM - 2012)

TEXTO I

Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente

em quem já nos enganou uma vez.


DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

TEXTO II



Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado,

precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer

impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.


HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos

permite assumir que Descartes e Hume

a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.

b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.

c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.

d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.

e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.


8. (ENEM - 2012) Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade.


MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).

Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao


a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.


b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.

c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.

d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.

e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.


GABARITO

  • 1 C
  • 2 E
  • 3 A
  • 4 B
  • 5 D
  • 6 D
  • 7 E
  • 8 C

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