1. (ENEM – 2013) Para que
não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja
contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos
principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três
poderes: o de fazer leis,
o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências
dos indivíduos.
Assim, criam-se os poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a
efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo
exercer os referidos poderes concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do
Espírito das Leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).
A divisão e a
independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver
liberdade em um Estudo. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que
haja
A) exercício de tutela
sobre atividades jurídicas e políticas.
B) consagração do poder
político pela autoridade religiosa.
C) concentração do poder
nas mãos de elites técnico-científicas.
D) estabelecimento de
limites aos atores públicos e às instituições do governo.
E) reunião das funções de
legislar, julgar e executar nas mãos de um governo eleito.
2. (ENEM – 2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser
amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de
desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que
amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens que se pode dizer,
duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos
de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o
sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está
longe; mas quando ele chega, revoltam-se.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe.
Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
A partir da análise
histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas,
Maquiavel define o homem como um ser
A) munido de virtude, com
disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.
B) possuidor de fortuna,
valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
C) guiado por interesses,
de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
D) naturalmente racional,
vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.
E) sociável por natureza,
mantendo relações pacíficas com seus pares.
3. (ENEM – 2013) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais
nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar
separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a
mais justa, e a melhor é a saúde;
porém a mais doce é ter o
que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes
atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.
ARISTÓTELES. A Política.
São Paulo: Cia. Das Letras, 2010.
Ao reconhecer na
felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica
como
A) busca por bens
materiais e títulos de nobreza.
B) plenitude espiritual e
ascese pessoal.
C) finalidade das ações e
condutas humanas.
D) conhecimento de
verdades imutáveis e perfeitas.
E) expressão do sucesso
individual e reconhecimento público.
4. (ENEM – 2013) Na produção social que os homens realizam,
eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua
vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de
desenvolvimento das suas forças
materiais de produção. A
totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade –
fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica,
e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social.
MARX, K. Prefácio à Crítica da economia
política. In: MARX, K.; ENGELS, F.
Textos 3. São Paulo: Edições
Sociais, 1977 (adaptado).
Para o autor, a relação
entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que
A) o proletariado seja
contemplado pelo processo de mais-valia.
B) o trabalho se constitua
como o fundamento real da produção material.
C) a consolidação das
forças produtivas seja compatível com o progresso humano.
D) a autonomia da
sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.
E) a burguesia revolucione
o processo social de formação da consciência de classe.
5. (ENEM – 2013)
TEXTO I
Há já algum tempo eu me
aprecebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões
como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal
assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar
seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até
então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber
firme e inabalável.
DESCARTES, R. Meditações
concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973
(adaptado).
TEXTO II
É o caráter radical do que
se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o
espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá
sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma
daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.
SILVA, F. L. Descartes:
a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
A exposição e a análise do
projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do
conhecimento, deve-se
A) retomar o método da
tradição para edificar a ciência com legitimidade.
B) questionar de forma
ampla e profunda as antigas ideias e concepções.
C) investigar os conteúdos
da consciência dos homens menos esclarecidos.
D) buscar uma via para
eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados.
E) encontrar ideias e
pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.
6. (ENEM – 2013) Até hoje
admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas
as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso
conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto.
Tentemos, pois, uma vez,
experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo
que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.
KANT, I. Crítica da
razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).
O trecho em questão é uma
referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia.
Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que
A) assumem pontos de vista
opostos acerca da natureza do conhecimento.
B) defendem que o
conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.
C) revelam a relação de
interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica.
D) apostam, no que diz
respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos
objetos.
E) refutam-se mutuamente
quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
7. (ENEM – 2013) Os
produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico.
Essa meta foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como
expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa
expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e
Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de
um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer
sua vida, física e culturalmente.
CUPANI, A. A tecnologia
como problema filosófico: três enfoques. Scientiae Studia,
São Paulo, v. 2, n. 4,
2004 (adaptado).
Autores da filosofia
moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a
ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da
natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em
A) expor a essência da
verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes.
B) oferecer a última
palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da
filosofia.
C) ser a expressão da
razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso.
D) explicitar as leis
gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e
religiosos.
E) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e
impor limites aos debates acadêmicos.
GABARITO
- 1 D
- 2 C
- 3 C
- 4 B
- 5 B
- 6 A
- 7 C
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